sexta-feira, 31 de julho de 2009

Marcos Rolim


Marcos Rolim
neto do Maestro Léo Schneider,
mestre em Sociologia pela
Universidade Fedral do Rio Grande do Sul (UFRGS)
onde faz doutoramento (03/2009),
especialista em Segurança Pública
pela Oxford University, Ingaterra,
professor da cátedra de Direitos Humanos
no Centro Universitário Metodista (IPA),
consultor para políticas públicas em Segurança e Direitos Humanos,
autor de A síndrome da Rainha Vermelha:
policiamento e segurança pública no século XXI (Zahar, 2006), A imitação da política (Tchê), Teses para uma esquerda humanista (Sulina) e Desarmamento, evidências cientificas (DaCasal, Palmarinca)


Acredito que meu avô gostaria de ser identificado, da maneira mais simples possível, como um cristão. Alguém que encontrou "na palavra de Deus" o sentido da sua existência. Para ele, estar no mundo, só teria sentido se fosse para "servir ao Senhor". Por isso, entregou o melhor dos seus esforços aos demais - na missão de amar ao próximo verdadeiramente e interpretou seu extraordinário talento musical como uma "dádiva divina" (pelo que sempre se negou a ganhar qualquer dinheiro com a música).


Dito assim, entretanto, se poderia, desavisadamente, vislumbrar a figura do "crente" tornada tão popular no Brasil de hoje. Refiro-me àqueles membros de igrejas evangélicas que se deslocam com uma Bíblia debaixo do braço, prontos a "revelar a verdade aos pecadores" e a distribuir toda sorte de interdições revestidas de ameaças em torno do "Juízo Final". Meu avô nem de longe poderia ser confundido com alguém do tipo.


Primeiro, porque nunca foi um "fundamentalista". Sua leitura bíblica sempre foi marcada por um sincero esforço de interpretar cada passagem e pensar sobre seus sentidos em uma perspectiva histórica.


Segundo, porque meu avô portava uma disposição infinita de compreender as pessoas, de aceitá-las da forma como eram, respeitando as diferenças - inclusive em temas que> envolviam religião.


Nunca pretendeu "doutrinar" quem quer que fosse e imaginava que o exemplo de sua conduta poderia surtir mais efeito. No fundo, agia - aos moldes kantianos - por imposição do dever e se sentia realizado por isso. Quando fazia seus sermões na Igreja Luterana, era um orador brilhante que ensinava e fazia com que todos refletissem. Na vida privada, era só cuidado e carinho com minha vó, com minha mãe e minha tia, e com seus netos e netas.


Com ele, comecei a me alfabetizar, dedilhando as primeiras letras em sua> máquina de escrever. Hoje sei que meu senso moral começou ali, nas palavras sempre sábias e generosas que ele nos oferecia.


Meu avô foi um sujeito raro. Não apenas porque era especialmente culto; não apenas porque foi um organista e um compositor como poucos. Meu avô foi raro, porque foi a pessoa mais bondosa que eu já conheci. Por isso ele nos faz tanta falta.

sábado, 18 de julho de 2009

Yssel Português Soares

O Maestro

Eu Yssel Soares, lembro que o maestro Léo Schneider foi o único artista que exerceu vários papéis: pianista, compositor de oratórios sacros, professor, regente de orquestra, tradutor de letras de músicas religiosas do alemão-inglês para o português.
Como aluno; não me esqueço do respeito e do prazer que as aulas de música me proporcionaram.

Yssel Português Soares.

ex-aluno ipaense e comerciante

Rosa Maria Schneider

















Rosa Maria Schneider é Mestre em Planejamento, professora do Departamento de Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)


Léo, o meu pai professor

Além de todas as qualidades já faladas por todos que conviveram com Léo Schneider, uma é a mais saliente: a competência de ser professor. Ele educava pelo exemplo da solidariedade, amor, tolerância e diálogo com todos que estavam em contato no dia-a-dia. A habilidade de saber ensinar é o que posso enfatizar. Através de aulas atraentes sobre música erudita, história da música e canto coral, os alunos ficavam fascinados querendo saber mais e participar das apresentações dos oratórios de sua autoria. Com o ensino de técnica vocal o Novo Testamento era divulgado, pois, esta era a letra dos oratórios, foi um pastor leigo que pregava o evangelho aos seus alunos.

Regendo orquestra e o coral dos alunos dos colégios IPA e Americano o inusitado era disciplina que conseguia impor com amor, dominando mais de trezentos adolescentes. Esta didática seria muito útil aos professores de hoje que não conseguem dominar turmas de cinqüenta alunos! Penso que esta parte da vida de meu pai, a sua competência didática seria interessante aprofundar mais. A prática docente do maestro (como era chamado) lembra as palavras de Paulo Freire e atualmente de Paulo Ghiraldelli, quando este ultimo afirma que só existe aula quando o professor seduz o aluno. E Léo Schneider soube seduzir os seus alunos e influenciá-los para o caminho dos mandamentos do Senhor.

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Rosa Maria Schneider (filha)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

José da Silva Moreira













Dr. José da Silva Moreira
é Médico Pneumologista
na Irmandade Santa Casa,
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
esposo de Anne Schneider



Vô Léo...

Um grande músico, atestado pelos seus pares; um grande professor, venerado pelos seus numerosos alunos; uma cultura invejável; mas, sobretudo, uma grande figura humana.

Esposo amoroso da Dona Mariazinha, pai exemplar da Rose e da Anne, e avô maravilhoso – do Marcos, do Glauco, do Alexandre, do Vinícius, da Ana Luiza e da Fernandinha.

Coisa adorável era vê-lo preparar as mamadeiras para as netinhas, todas as manhãs, e fazê-las dormir à noitinha, sentado entre as camas das duas – com mãos dadas a cada uma delas (e tinha de ser à mesma distância de ambas – senão haveria muita reclamação por parte “da mais pejudicada” com o “Vô Léo”.

Como ele comemorava o Natal! Como gostava daquele período! Ele praticamente “formou” a Ana Luiza em cantos de Natal, ensinando-as “em alemão”... Tannebaum, ...
Muito o admirei, como me ensinou a admirar a “Quinta” e a “Nona”. Acabei, por fim, a testemunhar sua enorme coragem ao final da doença – de como a enfrentou, lutando contra ela, sem queixas.


Um grande homem, em todos os sentidos...

domingo, 12 de julho de 2009

Atelaine Meyer Normann Ew

O Maestro

Desde que eu era bem pequena, minha família já freqüentava a Igreja Anglicana, a Catedral da Santíssima Trindade, hoje prédio tombado, na Rua da Praia. Uma das coisas que mais me impressionava nos cultos dominicais matutinos era o Coro da Igreja. No início do culto os coralistas, vindo de uma salinha, à direita do altar, avançavam em processional, imponentes, já cantando um hino ao som do órgão e do carrilhão. A música inundava aquela igreja. Minha mãe e minhas tias cantavam naquele coro. Eu precisei chegar aos doze anos de idade para, finalmente, poder fazer parte dele. E foi assim que pude aproximar-me daquela magnífica figura, até agora “escondida” lá no alto, onde ficavam o coral, o órgão e... o Maestro Leo Schneider. Foi uma época de muito encantamento. Sentia-me deslumbrada, ensaiando os hinos do Hinário da Igreja. Um dia, na hora do ensaio do coro, o Maestro entregou-nos partituras novas, comunicando que faríamos parte de um grande coral. E foi assim que participamos da apresentação do Magnificat, oratório de Bach. Todos, cantando em latim, acompanhados por uma grande orquestra. Na regência, o Maestro. Uma das características do Maestro era a sua calma e o olhar de confiança que depositava em seus cantores. E nós nos sentíamos seguros sob a sua condução.

Mais tarde, então como aluna do ginasial no Colégio Americano, tive a alegria de continuar cantando sob a batuta do Maestro, que era nosso professor de Música. A salinha dele, no corredor, era ponto de encontro das meninas que para lá corriam tão logo batesse para o recreio. Todas nós saíamos dali felizes com o seu autógrafo nas costas das mãos. Ele jamais demonstrou impaciência, ou mesmo aborrecer-se com aquela cotidiana “invasão” de alegria e tagarelice. No Americano, ensaiávamos os oratórios: Jesus Nazareno, Paulo de Tarso e João Batista. Todos eles de autoria do nosso Maestro. Impressionante como decorávamos letra e música! Até hoje, passadas muitas décadas, lembro-me de todas elas. Durante os ensaios, se a turma começasse a falar um pouco além do conveniente, o Maestro parava de tocar e ficava olhando para o teclado. Bastava isso. O silêncio era imediato. Ninguém agüentava ver o Maestro ficar triste. Muitos anos mais tarde, fazendo parte do coral da Igreja Metodista Wesley, com alegria e emoção voltamos a ensaiar o oratório Jesus Nazareno, apresentado sob a regência do Maestro Leo Schneider. Este oratório foi gravado em fitas cassete. Era um avanço tecnológico para a época.
Falar sobre o Maestro é fácil. O difícil é parar de contar histórias sobre esse cristão exemplar e músico admirável, tão amado por todos aqueles que o conheceram e jamais o esquecem.
Atelaine Meyer Normann Ew