sábado, 2 de maio de 2009

Vários Professores

Prof. LEO WILHELM SCHNEIDER
1910 – 1978

texto de um artigo publicado em 1982
por vários professores
que fizeram tudo sem se saber os nomes

Nascido a 10 de fevereiro de 1910 em Porto Alegre, RS e falecido na mesma cidade, em 18 de dezembro de 1978.

Filho do Sr. Karl Wilhelm (Carlos Guilherme) Schneider, alemão, que à época era gerente do Banco Alemão e de mãe sueca, Odina Bergman Schneider.

Fez seus primeiros estudos no Colégio Farroupilha e apões ingressou no Instituto Brasileiro de Piano (depois Conservatório Mozart) dirigido pelo prof. João Schwarz. Mais tarde buscou aperfeiçoamento com o maestro Leonardi.

Participou de um concurso público, onde ganhou o Prêmio Busoni, representado por Medalha de Ouro, medalha esta que doou à Pátria por ocasião da campanha “Dê Ouro ao Brasil”. Achava que a Pátria merecia algo bem maior que um anel sem uso ou algo assim que facilmente se reporia. Deu então o que com mais sacrifício ganhou.

Antes de formar-se em Piano era remador e tenista, esportes que também lhe deram doze medalhas, mas que abandonou por razões óbvias: não prejudicar o desempenho no piano por causa da musculatura.

Falava, além do Português, Alemão, Inglês e lia Francês, Espanhol e Italiano.

Suas atividades profissionais eram intensas e variadas pois era pianista, maestro, organista e compositor, e dava recitais em igrejas, teatros, escolas, etc. Ingressou como Maestro Regente da Banda da Base Aérea de Canoas.

Foi o 1º diretor artístico do Orfeão Riograndense e a fundação desta sociedade deveu muito a ele. Um cantor alemão que transitava por Porto Alegre entrou em contato com o professor Léo Schneider para fazer um concerto comemorativo a Sete de Setembro, onde seria executada uma versão a 4 vozes masculinas do Hino Nacional Brasileiro. O professor Leo Schneider regeu então um coral de 60 vozes com a participação da Banda Municipal. Este concerto alcançou tamanho sucesso que gerou a idéia de se formar uma sociedade coral. Da idéia passou-se à prática e o Orfeão Riograndense foi criado.


Auxiliou nas montagens das Temporadas Lírias do Orfeão em 1934, onde atuou como maestro do coro. Numa dessas – Cavalleria Rusticana – estava uma jovem cantora, Maria Helena Leão, a quem o prof. Léo Schneider conheceu, 23 dias após estava noivo, e a quem amou e respeitou por toda a vida. O comentário era da esposa (e das filhas tb...já que o conhecemos bem de perto...) e de toda a comunidade que o conhecia. Em 10 de abril de 1935 contraiu matrimônio com a professora de Canto e Piano Maria Helena Leão Schneider, filha do Sr. Ricardo Coração de Leão, comerciante, e da Srª Rosalina Leão. Desse casamento nasceram suas filhas: profª Rosa Maria Schneider, batizada Rosmarie e a profª Ana Maria Schneider Moreira, batizada Annemarie, (na hora de registrar houve problema pois eram nomes estrangeiros, mas o batizado valeu com outro nome) casada com o médico e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da então Faculdade Católica de Medicina, Dr. José da Silva Moreira.

Fez parte da Sociedade Rio-grandense de Música de Câmara em 1941, dando aí inúmeros recitais.


Certa vez, com 14 anos, participava de uma audição no Theatro São Pedro, quando apagou-se a luz. Ele continuou a tocar calma e corretamente. Um automóvel que fazia a volta pela Praça da Matriz iluminou-lhe os últimos acordes. Foi um delírio do público.

Professor do Instituto Porto Alegre (IPA), do Colégio Cruzeiro do Sul, do Colégio Americano e da Escola Técnica Senador Pinheiro Machado, onde se dediou ao Canto Coral. No Colégio americano criou, em 1945, o Conservatório de Música e lá permaneceu até seu desenlace. (Ele ficou até seu fim no Americano /IPA, com poucos horários, mas nunca se desligou de lá, lugar que adorava...) O Colégio em sua homenagem, colocou seu nome no Conservatório que
ele criara, onde, hoje, em placa de bronze consta: Conservatório de Música Leo Schneider. Pelo acúmulo de atividades, deixou o IPA e o Cruzeiro do Sul, já que ingressara no Instituto de Artes da UFRGS, como titular da cadeira de Prática de Orquestra, para a qual defendeu tese, e de Órgão e Piano.

Lecionou Religião em diversas igrejas luteranas, como guia leigo, e oficiava cultos para as irmãs do Hospital Moinhos de Ventos, onde também foi maestro do coro das freiras, por algum tempo. (Só me consta que ele falava para as Schwester, Escola Dominical, as regia e ensaiava).

Quase não tinha tempo para si, pois o pouco que lhe sobrava, os amigos e alunos ocupavam, pedindo arranjos de músicas, composições ou que lhes auxiliasse em algum ensaio. O fato era que ele jamais deixou de atender aos pedidos, pois a sua máxima era o amor ao próximo.


Trabalhou longo tempo como organista e regente de coros, sendo de se citar sua atuação na Igreja Luterana da rua Senhor dos Passos, na Catedral Episcopal da rua dos Andradas e na Igreja Metodista da rua Gen. Vitorino. Amigo de todos, colaborava com todas as religiões, seja Católica, Ortodoxa ou Israelita, além, é claro, de sua religião protestante.


Durante 11 anos foi maestro da Orquestra Club Haydn, composta exclusivamente de amadores e a mais antiga do Brasil, encampada posteriormente pela SOGIPA, transformando-se em seu Departamento Artístico. (Ele sucedeu o maestro Brückner e foi o último, do Club Haydn. A Sogipa começou a cortar gastos em certa época (e a cultura vai ligeirinho)

Obteve bolsa de estudos nos Estados Unidos em 1949. Na Southern Methodist University S.M.U. de Dallas aperfeiçoou-se em Piano e Órgão. São de jornais norte-americanos as seguintes manchetes: The SMU Campus: “Schneider conseguiu um grande número de seguidores com os seus concertos quase diários e muitas vezes ele tem dificuldade em afastar-se da multidão que se reúne para ouvi-lo tocar”. The Dallas Mornig News: “A verdade é que o pianista francamente encantou o seu auditório. O público pôs-se de pé, entusiasticamente, quando ele tocou a grande Polonaise de Chopin”; Dallas World; “O valor de Léo Schneider como músico não reside unicamente em seu talento musical, mas também nas obras que ele compôs. Desde sua chegada a Dallas, há 4 meses, Schneider cativou os músicos, os clubes musicais e as igrejas com a sua habilidade e o seu maravilhoso espírito de amizade e cooperação” e ainda o Clovis New México:”Por ocasião do programa da noite tocou Léo uma de suas composições, Valsa Caprice, com a técnica de um pianista de concerto completo”.

Recebeu inúmeros convites para ficar e lecionar, mas a saudade da família e do Brasil o fizeram retornar.

Dirigiu a Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo, SP, a Orquestra Sinfônica de Curitiba, PR e a Orquestra da Polícia Militar de Belo Horizonte, MG.

Integrou o Trio Universitário, com Jean Jacques Pagnot e Fernando Hermann em 1958.

Sua obra é digna de especial registro. Autor de 5 oratórios: “Calvário”, em 1934, que ganhou placa de bronze no Theatro São Pedro assinalando seu sucesso; “São João Batista”, em 1946; “Purificação do Templo”, em 1947; “Conversão de São Paulo”, em 1948, e “Jesus Nazareno”, em 1950. Existe a versão inglesa de “John the Baptist”. Como se sabe, Oratório é um drama religiosos, uma ópera espiritual, e pouos autores tiveram inspiração no gênero. Duas obras de ballet “Exercícios de barra” e “Bezerro de Ouro”, ballet bíblico composto em 1973. Tem publicado um livro “Desenvolvimento Musical”, editado em 1938 e que se constitui em uma resenha histórica para ser manuseada pelos alunos do 1º Grau, e sua Tese “A prática de Orquestra na Escola Superior de Música” além dos oratórios São João Batista e Jesus Nazareno.

Apresentou, de Beethoven: Jesus no Horto; de Brahms: Um Réquiem Alemão; de Mozart: Réquiem; de Bach: Magnificat; de Dubois: Sete Palavras e de Mendelssohn: Elias. Alguns pela primeira vez em Porto Alegre e com tradução de sua autoria.

É autor ainda de várias peças para Piano e, dentre estas destacamos: Noturnos, Caixinha de Música, Valsa Nostálgica, Para Rosmarie, Valsa Caprice, Improviso e Fantasia que são as mais difundidas, porém existem muitas outras.

Das composições para canto destacam-se: Sê fiel até a morte e Entrega o teu Caminho muito executado em casamentos, além de Partida, dedicado a sua esposa.

Tem ainda composições como Prelúdio para Órgão, produzida em 1976, entrando assim para o escasso rol de compositores brasileiros de órgão.

Escreveu também diversos hinos e, dentre estes, lembramos: Hino do Grupo Escoteiro Prof. Leopoldo Tietböl, Hino das Irmãs Franciscanas e Hino da Maçonaria.

Foi um dos fundadores da Associação dos Organistas do Rio Grande do Sul e Presidente da Ordem dos Músicos, secção RS.


Em sua atividade docente integrou ainda Bancas Examinadoras de Exame e Defesa de Teses em diversas unidades universitárias.

Foi citado em diversas obras e entre estas, “Música Sacra Evangélica no Brasil” de Henriqueta Rosa Fernandes Braga, onde a autora, à página 359, tece a considerações sobre o Prof. Léo Wilhelm Schneider e sua obra.

Aos 68 anos de idade, trabalhando exaustivamente, veio a falecer, ficando a lamentar seu prematuro desaparecimento sua esposa, filhas, genro, netos e um grande e seleto grupo de amigos, ex-alunos, alunos e admiradores que soube granjear ao longo de sua estada entre nós.

Em sua homenagem foram realizados diversos atos e dentre estes destacamos: o Festival de Composições de Leo Schneider, realizado pela Discoteca Pública da Secretaria de Educação e Cultura; a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou a Lei nº 4792 de 29 de outubro de 1980 dando seu nome a uma rua de Porto Alegre e a Ordem dos Músicos colocou em seu salão nobre o retrato do ilustre mestre e compositor. Por ocasião deste ato, assim se expressou o historiador Dante de Laitano:

“Leo Schneider expressão importante na História da Música em nossa Província Portoalegrense. Ilustre e dedicado, sua vida era a própria arte, e ele viveu música em todos os momentos de sua vida fecunda e de uma atividade incomum, fazendo de sua caminhada pelas estradas da arte, uma lição de perene fidelidade ao seu mundo, Mundo da Música”.



Fonte: Quem é Quem em Educação Editora Aejota, 1982. pp 182 - 184 Palavras em itálico acrescidas pelo blogger após consulta à professora e organista Anne Schneider. Mais informações clicando em
http://br.geocities.com/organistaanneschneider/

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